Com quatro votos a favor da condenação no STF, Carla Zambelli aposta no voto de Luiz Fux ou em pedidos de vista para adiar o inevitável: sua prisão e cassação.

A queda anunciada de uma das peças-chave do bolsonarismo

A cada dia que passa, o cerco se fecha. Carla Zambelli (PL-SP), uma das figuras mais ruidosas da extrema direita brasileira, está a um voto de ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento direto na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o hacker Walter Delgatti Neto.

Até o momento, quatro dos cinco ministros da Primeira Turma do STF já votaram a favor da condenação. Falta apenas o voto de Luiz Fux — e é nele que a defesa de Zambelli deposita sua “última esperança”. Mas a estratégia é clara: não se trata de buscar justiça, mas de adiar o julgamento a qualquer custo, nem que seja por manobras regimentais.


Sessões presenciais? Pedido negado. E agora, o que sobra?

A defesa ainda tentou tirar o julgamento do plenário virtual e levá-lo para sessões presenciais, onde manobras protelatórias são mais viáveis. Mas o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, negou o pedido sem titubear. Resultado: o processo segue no ambiente digital e, se Fux não pedir vista, o julgamento será encerrado até sexta-feira, 16 de maio.

Sem outras opções processuais viáveis, a aposta da defesa bolsonarista agora é que algum ministro peça vista — ou seja, mais tempo para “analisar” um caso que já está fartamente documentado, discutido e praticamente decidido. A velha tática de empurrar com a barriga, tão conhecida nas tentativas de blindar políticos aliados.


Delgatti já está praticamente condenado

Vale lembrar que o hacker Walter Delgatti, figura central do caso, já acumula votos pela condenação a 8 anos e 3 meses de prisão, também por envolvimento na invasão ao CNJ. O que está em julgamento agora é o papel de Zambelli como mandante — e a delação de Delgatti deixa isso mais que evidente.

Não há dúvidas sobre sua participação. A invasão ao CNJ, além de tecnicamente sofisticada, foi usada para forjar documentos, falsificar mandados de prisão e alimentar uma narrativa de perseguição contra a extrema direita, às vésperas das eleições de 2022. Uma tentativa de golpe disfarçada de bravata digital.


Uma condenação que ecoa além do Judiciário

A eventual prisão de Zambelli não será apenas um ato jurídico. Será um marco político: a primeira condenação dura e concreta contra um dos pilares da máquina de desinformação e sabotagem democrática do bolsonarismo. Não é pouco. Após anos atacando o STF, a Justiça Eleitoral, jornalistas e adversários políticos, a parlamentar colhe o que plantou: o peso da lei.

E que fique o alerta: esta condenação pavimenta o caminho para outros processos que ainda pairam sobre a extrema direita brasileira. Do 8 de janeiro à sabotagem do sistema eleitoral, há um rastro de crimes e digitais — digitais que, aos poucos, começam a ser cobradas.


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1 comentário em “Zambelli tenta última manobra para evitar condenação por crime digital

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