Plano golpista para matar Lula, Alckmin e Moraes também previa “neutralizar” Dirceu
Nova fase da investigação da PF revela que José Dirceu estava entre os alvos de um plano terrorista com envolvimento de militares ligados ao bolsonarismo. O nome da operação: "Punhal Verde Amarelo".

Uma conspiração de sangue: os alvos da extrema direita não eram só símbolos, eram vidas
Em primeiro lugar, é preciso nomear o horror: o Brasil teve um plano golpista com metas de assassinato político. Um plano real, articulado por militares e aliados do bolsonarismo, que visava eliminar fisicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro do STF Alexandre de Moraes — e, agora se revela, também José Dirceu, uma das figuras mais históricas da esquerda brasileira.
A investigação da Polícia Federal, no âmbito da Operação Tempus Veritatis, revelou que Dirceu era chamado de “Juca” nos documentos apreendidos. Era considerado uma “eminência parda” da esquerda e, portanto, deveria ser “neutralizado”. Um termo eufemístico para assassinar, típico de regimes de exceção. O nome do plano é ainda mais perturbador: Punhal Verde Amarelo — uma ironia macabra com as cores da bandeira nacional, apropriadas por quem tramava contra a própria República.
Braga Netto, exército e envenenamento: os bastidores de um crime anunciado
Por outro lado, não se tratava de delírio de extremistas isolados. Segundo as investigações, reuniões foram realizadas na casa do general Walter Braga Netto, então candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022. O grupo contava com militares das Forças Especiais, apelidados de “kids pretos”, e pelo menos um agente da Polícia Federal. Armas, explosivos, simulações de atentados e planos de execução por envenenamento estavam no pacote.
Eram ações com data, alvos e estratégia. Queriam eliminar a cúpula da institucionalidade democrática do país. Um golpe militar com cara de operação de inteligência.
O silêncio cúmplice e a banalização do crime político
A pergunta que se impõe é: por que essa história não está abrindo todos os jornais, em todas as TVs, com o mesmo estardalhaço que tentam fabricar com denúncias vazias contra lideranças populares? A resposta é dolorosa: há uma blindagem midiática quando o autor da violência é um general ou um extremista de direita. Um assassinato político de esquerda gera manchetes e prisões. Já um plano de assassinato de Lula… vira ruído de rodapé.
É a normalização do inaceitável. É a conivência com o autoritarismo, disfarçada de “neutralidade”. E é por isso que esse caso precisa ser repetido, relembrado e jamais esquecido.
A democracia esteve por um fio — e pode estar de novo
A revelação de que José Dirceu também era alvo desmonta a tese de que tudo não passou de “exagero” da imprensa progressista ou de perseguição do STF. O que havia era um plano estruturado, militarizado e com motivação política clara. E não faltaram cúmplices. A lista de envolvidos, diretos e indiretos, precisa ser exposta, julgada e condenada.
A impunidade seria o segundo golpe. O primeiro — por pouco — não se consumou.
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