Bolsonaro teme STF e fala em “game over” se for condenado
Ex-presidente recua em tom, diz se arrepender de ter xingado Alexandre de Moraes e reconhece que uma condenação no Supremo significaria o fim de sua carreira política.

Em um gesto inédito — mas nada surpreendente — Jair Bolsonaro deu sinais claros de que sente o cerco se fechar. Em entrevista recente, o ex-presidente disse “se arrepender” de ter xingado o ministro Alexandre de Moraes e confessou: “Se eu for condenado no STF, é game over”. A declaração escancara o desespero de quem sempre se escorou na impunidade para atacar as instituições.
Vamos aos fatos. Bolsonaro passou quatro anos afrontando o Supremo Tribunal Federal, insuflando apoiadores contra o Estado Democrático de Direito, promovendo ataques golpistas em praça pública e articulando com militares uma ruptura institucional. Agora, vendo a possibilidade real de condenação, ele muda o tom — não por respeito à Justiça, mas por puro instinto de sobrevivência política.
Um réu em pânico
A fala de Bolsonaro é emblemática. O homem que dizia que “não obedeceria decisões absurdas”, agora tenta reconstruir pontes que ele mesmo explodiu. Mas por que esse súbito arrependimento?
A resposta está na realidade jurídica que se impõe. O STF analisa os autos da trama golpista revelada pela delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e homem de confiança do ex-presidente. A Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal cruzam evidências que indicam que Bolsonaro não apenas tinha conhecimento, mas autorizava e comandava ações ilícitas — inclusive o famigerado PowerPoint de uma minuta golpista.
O que antes era apenas barulho de rede social, agora é matéria penal concreta. E Bolsonaro sabe: uma condenação no STF, ainda que parcial, o tornaria inelegível de forma definitiva e aceleraria sua derrocada jurídica e política.
Do bravateiro ao arrependido
A transição da retórica raivosa para o “me arrependo” revela algo maior: o bolsonarismo entrou em modo defensivo. Bolsonaro, que se vendia como o anti-sistema, percebe que sem o foro privilegiado, é só mais um réu tentando escapar da cadeia.
Mas não nos enganemos com o tom manso. Esse “arrependimento” é estratégico — uma tentativa de suavizar a imagem diante do STF e buscar alguma saída negociada nos bastidores. Só que, diferentemente do que ocorreu no passado, a conjuntura mudou: o Judiciário está munido de provas, há pressão popular por responsabilização e a leniência institucional já não é tolerada com a mesma naturalidade.
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