Documentos da Polícia Federal enviados ao STF mostram que agentes da corporação se organizaram para impedir, com violência, a posse de Lula. O golpe só não ocorreu porque "a ordem não veio".

Uma parte da Polícia Federal se alistou para o golpe — e não é exagero. É constatação.

Na véspera da posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2022, enquanto o país se preparava para virar a página do bolsonarismo, um grupo de policiais federais — servidores do Estado, pagos com dinheiro público — se organizava, em canais criptografados, para impedir a chegada de Lula ao Planalto.

Isso mesmo: não estamos falando de empresários exaltados ou de influenciadores de rede social. Estamos falando de agentes federais armados, da ativa, prontos para agir militarmente contra a democracia.

Os detalhes são estarrecedores.

Em mensagens recuperadas pela PF e enviadas ao Supremo Tribunal Federal (Petição 13236), o agente Wladimir Matos Soares revela ter integrado uma “equipe de operações especiais” montada para atuar contra a posse de Lula. O grupo se comunicava por códigos — como “QAP”, jargão que significa “pronto para agir” — e emojis de bandeiras brasileiras. O plano era claro: ocupar o Palácio do Planalto e proteger Jair Bolsonaro com violência.

“Estávamos prontos para empurrar meio mundo de gente. Matar meio mundo de gente. Só esperávamos a canetada do presidente”, declarou Wladimir em um áudio captado pela investigação.

Sim: “matar meio mundo de gente”. Palavras de um policial federal.

No dia 29 de dezembro de 2022, Wladimir disparou mensagens com a frase “Não vai ter jogo” — segundo a PF, um código sobre a iminência da ação golpista. As comunicações cessaram horas depois, substituídas por mensagens de frustração. Motivo? As lideranças militares teriam recuado, e a “canetada do presidente” jamais veio.

Em outras palavras: o golpe só não aconteceu porque a cúpula das Forças Armadas hesitou.

Mas o mais grave é que a estrutura do Estado brasileiro foi usada para articular um atentado contra a democracia. Além de Wladimir, outros dois agentes — identificados como Ramalho e Marcelo — também estavam envolvidos. Todos da ativa.

Golpe abafado, mas não extinto

O episódio, embora abafado na grande mídia, revela um risco que ainda paira sobre o país: as instituições democráticas seguem infiltradas por bolsonaristas dispostos a tudo — até a matar — para manter o projeto autoritário vivo.

Não se trata de paranoia. Trata-se de evidência documental, entregue pela própria Polícia Federal ao STF. Trata-se de agentes que juraram defender a Constituição, mas que escolheram servir a um projeto de poder pessoal, messiânico e autoritário.

E, pior: não há registro de punições efetivas contra esses servidores até agora.

O silêncio institucional diante de tamanha gravidade é ensurdecedor. Como aceitar que agentes federais tramem um golpe de Estado e sigam impunes? Onde está o Ministério da Justiça? Onde está a Corregedoria da PF? Onde está o Congresso Nacional?

A hora é de vigilância — e de ação

É preciso ir além das notas de repúdio. A sociedade civil, os meios de comunicação comprometidos com a democracia e os parlamentares progressistas precisam exigir responsabilização imediata.

Não podemos tratar esse episódio como um “desvio pontual”. Trata-se de um sintoma do apodrecimento institucional causado por quatro anos de aparelhamento bolsonarista. Se a democracia quer se manter viva, terá que reagir — e rápido.


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2 comentários sobre “Policiais federais planejavam ação armada contra posse de Lula, revela PF

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