Descontos misteriosos e indevidos em aposentadorias disparam número de queixas ao INSS. Caso escancara o caos herdado do bolsonarismo na máquina pública.

Descontos indevidos no INSS: a conta do caos bolsonarista chegou aos aposentados

A bomba estourou. Mais de 1 milhão de brasileiros — em sua maioria aposentados e pensionistas — já entraram com pedidos formais de reembolso no INSS por descontos não autorizados em seus benefícios. O número, assustador, foi confirmado pelo próprio Instituto Nacional do Seguro Social, que se viu obrigado a criar uma ferramenta emergencial para lidar com a enxurrada de reclamações.

Em primeiro lugar, é preciso dizer o óbvio: não estamos diante de um “erro de sistema”. Estamos diante de uma política de abandono, negligência e, em muitos casos, conivência estatal com abusos praticados por associações e empresas terceirizadas que descontam valores sem autorização formal dos beneficiários.

A pergunta que paira é simples: como é possível que mais de um milhão de pessoas tenham sido vítimas do mesmo tipo de desconto indevido — e o sistema não tenha feito nada até agora?

A herança maldita do bolsonarismo no INSS

Por trás dessa tragédia silenciosa está o que muitos especialistas chamam de “desmonte programado do Estado”. Durante o governo Bolsonaro, o INSS foi esvaziado de servidores, sua digitalização acelerada às pressas, e contratos com entidades “representativas” — muitas sem qualquer controle público — foram ampliados.

Na prática, o que se viu foi uma terceirização da violação de direitos. O cidadão, já vulnerável, passou a ser alvo de clubes de desconto, associações fajutas e até seguradoras, que cobravam mensalidades via folha de pagamento do INSS. E o mais grave: sem autorização expressa.

O resultado? Milhões de reais escorrendo pelos ralos da máquina pública. Aposentados sem entender por que recebiam menos. E agora, mais de 1 milhão exigindo reparação.

Descontos indevidos no INSS: a fraude virou rotina

Segundo o próprio governo federal, a maioria das queixas se concentra em descontos ligados a entidades “representativas” e clubes de vantagens que, teoricamente, deveriam prestar serviços aos beneficiários. Só que o que se vê é um padrão de abuso: o cidadão mal sabe que está associado e descobre o rombo apenas quando vai conferir o extrato.

E o sistema facilitou isso. Durante anos, o INSS permitiu descontos automáticos sem verificação robusta de consentimento. Ou seja: bastava um CPF digitado por um atendente mal-intencionado, ou por um sistema de vendas agressivo, e lá se iam R$ 20, R$ 30, às vezes R$ 60 por mês, sem aviso, sem consulta.

“É só um descontinho”, diriam os defensores do mercado. Só que para quem vive com um salário mínimo, isso é comida, remédio, sobrevivência.

Uma máquina pública a serviço do mercado — e contra o cidadão

Esse escândalo mostra a perversidade de um modelo onde o Estado se omite para que o “mercado” explore. A lógica é conhecida: privatizar os serviços, socializar os prejuízos. O INSS virou, sob o bolsonarismo, um balcão de negócios terceirizados, onde até o acesso ao salário do aposentado se tornou fonte de lucro.

Quantas dessas entidades têm ligação com figuras políticas ou esquemas de lobby no Congresso? Quantas foram apadrinhadas por líderes religiosos, parlamentares do centrão ou militares da reserva que infestaram o governo passado?

É hora de abrir essa caixa-preta.

O que fazer agora?

O governo Lula já sinalizou que vai endurecer as regras para autorizar descontos em benefícios do INSS. Mas a verdade é que o estrago já está feito. Milhões foram lesados. E o número de vítimas só cresce.

Por isso, é essencial ampliar a pressão popular por:

  • Auditoria ampla dos contratos entre INSS e entidades de desconto;
  • Reembolso integral e imediato para todos os prejudicados;
  • Identificação e punição de agentes públicos e empresas envolvidas;
  • Campanhas massivas de orientação para os beneficiários sobre seus direitos.

A hora é grave — e quem pagou a conta foram os mais pobres.


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