Mourão afirma que “Bolsonaro estava pronto para entregar comando a Lula”
Em depoimento ao STF, senador diz que ex-presidente iniciou transição e não negociou plano golpista com militares

O senador Hamilton Mourão declarou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (23 de maio de 2025), que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava preparado para transferir o comando da Presidência ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Mourão, não houve discussão sobre golpe ou interferência militar nesse processo.
Transição pacífica segundo Mourão
Mourão relatou que, no dia seguinte ao resultado das eleições, foi instruído por Bolsonaro a contatar equipes de transição, e viu Ciro Nogueira agir como articulador entre os governos de forma tranquila e contínua. Para o senador, “Bolsonaro estava pronto para entregar o comando da presidência ao sucessor” — evidência de que a transição ocorreu sem embate entre os Poderes.
Sem debates golpistas com militares
O senador também afirmou que jamais conversou com o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio, com Walter Braga Netto ou outros militares sobre planos de golpe ou uso de medidas excepcionais. Afirmou que os diálogos giraram em torno da transição e rotina de governo, sem discussão de rupturas institucionais.
O contexto das investigações
O depoimento faz parte da “Operação Contragolpe”, que investiga suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Lula, com investigação dos atos de 2022 envolvendo Bolsonaro e líderes militares. Mourão foi ouvido como testemunha após depoimentos de outros oficiais como o ex-comandante da Aeronáutica e da Marinha, que também negaram participação em movimentos golpistas.
Perspectiva crítica
- Coerência institucional: O relato de Mourão reforça a tese de que a transição presidencial ocorreu com normalidade institucional, apesar das especulações em torno de planos de estado de exceção.
- Erro ou omissão? A ausência de registro de conversas sobre medidas autoritárias com militares coloca em questão narrativas que atribuem cumplicidade castrense.
- Importância dos depoimentos: A convergência de relatos de Mourão e de outros comandantes reforça que, mesmo em um cenário conturbado, a maioria militar rejeitou rupturas democráticas. Mas é fundamental que o STF avalie documentos, mensagens e gravações cruzadas com esses depoimentos para construir uma linha do tempo confiável.
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