Cid afirma que apenas Garnier era radical entre réus do golpe, enquanto Torres, Heleno e Ramagem não se enquadravam
No STF, Mauro Cid classifica Almir Garnier como integrante do núcleo “radical”, diferenciado de ex‑ministros e ex‑chefes que não se associavam ao plano de golpe

1. Classificação dos réus por Mauro Cid
Em depoimento à Primeira Turma do STF no dia 9 de junho, o tenente‑coronel Mauro Cid categorizou os réus em três grupos: radicais, moderados e conservadores.
De acordo com Cid, apenas o almirante Almir Garnier fitava-se no grupo dos “radicais”, disposto a apoiar golpe de Estado com uso de força e discursos que contestavam a lisura das urnas
2. Quem são os radicais, moderados e conservadores
- Radicais: defendiam além da investigação de fraudes nas urnas, o uso de um “braço armado” e a assinatura do decreto golpista caso Bolsonaro assim o desejasse
- Moderados: incluíam figuras como Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, que, embora tivessem criticado o TSE, não chegaram a defender ruptura institucional
- Conservadores: grupo que rejeitou qualquer proposta golpista — neste estavam Alexandre Ramagem, Anderson Torres e Augusto Heleno
3. O papel de Garnier
Cid revelou que Garnier não apenas concordava com o uso de forças militares, mas que havia comprometimento com o plano golpista.
Ao final do depoimento, afirmou que Garnier “deixou as tropas à disposição” para uma eventual intervenção
4. Significado institucional
- A divisão elabora matizes essenciais para a defesa e acusação — Garnier figura no polo mais perigoso, enquanto outros réus podem apontar distanciamento do plano.
- A categorização expõe a heterogeneidade do núcleo golpista: nem todos cruzaram a linha que definia ruptura institucional, criando divisões jurídicas relevantes.
- Politicamente, o depoimento reforça que havia resistência interna de forças militares “moderadas” ao plano de golpe.
5. Como isso afeta o caso
- A acusação pode centralizar esforços no alvo mais radical, ou seja, Garnier, enquanto construções defensivas poderão isolar os moderados.
- Garnier pode ser responsabilizado com maior rigor — inclusive por tentativa violenta de golpe — enquanto outros réus podem argumentar ausência de comprometimento.
- A estratégia de condutas diferenciadas pode abrir espaço para acordos isolados, colaborando para a divisão de responsabilidades.
VEJA MAIS
Zambelli agendou reunião entre Bolsonaro e hacker para discutir fraudes nas urnas, diz Cid
General Estevam Theophilo é citado por Mauro Cid como possível executor do plano golpista
Cid confirma que Bolsonaro pediu monitoramento de Alexandre de Moraes
1 comentário em “Cid afirma que apenas Garnier era radical entre réus do golpe, enquanto Torres, Heleno e Ramagem não se enquadravam”