“Coincidência”, diz ex-comandante Garnier sobre desfile de blindados em Brasília durante votação de voto impresso
Almir Garnier afirma ao STF que a passagem dos tanques foi planejada para treinar forças em Formosa e não teve relação com a votação da PEC; episódio provocou ironia de Moraes

Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, prestou depoimento ao STF nesta terça-feira (10). Ao ser questionado por Alexandre de Moraes, ele minimizou o episódio do desfile de blindados na Esplanada dos Ministérios, no dia da votação da PEC do voto impresso em 2021, afirmando que houve apenas uma “coincidência de datas” — o evento já estava programado por causa de operações militares em Formosa (GO).
Garnier explicou que, como o movimento envolvia transporte de blindados do Rio de Janeiro, Brasília foi rota obrigatória. A escolha do local e data teria sido independente da votação, que foi marcada pela Câmara apenas poucos dias antes. Ele expressou surpresa pelos tanques terem gerado “ruído político”.
O relator Alexandre de Moraes ironizou a justificativa, referindo-se aos veículos militares “esfumaçados”. Garnier, então, reiterou que tal exposição pública visava tão somente convidar o presidente Bolsonaro para os exercícios e demonstrar “aprestamento” das Forças Armadas.
O episódio repercutiu em sua estratégia de defesa, na qual Garnier busca se distanciar do núcleo identificado como “radical” na trama golpista. Ao negar qualquer conduta orientada para pressão política, ele reforça o argumento de que as ações estavam dentro do protocolo institucional..
Por que isso importa
Esse depoimento evidencia a tentativa de democratizar a narrativa institucional: ao apresentar o desfile como prática militar regular, Garnier reforça o argumento de que não houve uso político das Forças Armadas. A ironia entre o contexto militar e político reflete o grau de tensão entre o STF e os militares nos interrogatórios sobre o golpe de 2022.
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