Ex-diretor da PRF revela ordem de Anderson Torres para blitz no Nordeste em 2022
Depoimento ao STF expõe tentativa de interferência no processo eleitoral com operações direcionadas a eleitores do Nordeste.

Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-diretor de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Djairlon Henrique Moura, afirmou ter recebido ordens de Anderson Torres, então ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, para realizar blitz em ônibus com destino ao Nordeste durante as eleições de 2022. A declaração foi feita nesta terça-feira (27), no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado durante o governo Bolsonaro.
Operações direcionadas e suspeitas de interferência eleitoral
Segundo Djairlon, a ordem era para que a PRF investigasse veículos saídos de São Paulo e do Centro-Oeste com destino ao Nordeste, com o objetivo de inspecionar se havia transporte irregular de eleitores. A suspeita é que essas operações tinham a intenção de impedir que potenciais eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva pudessem votar.
Até então, as investigações apontavam que teria sido o próprio Djairlon quem determinou o reforço na abordagem de ônibus e vans nas eleições daquele ano. No entanto, ele afirmou que a Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça solicitou oficialmente as operações, em reunião realizada na sede da pasta.
Desproporcionalidade das ações no Nordeste
Dados revelam que, no segundo turno das eleições de 2022, a PRF realizou 272 operações no Nordeste, representando 49,5% de todas as ações do dia. Enquanto isso, na região Sudeste, a mais populosa e com a maior malha rodoviária, ocorreram apenas 51 ações, 9,4% do total. O número de abordagens registradas no segundo turno foi 70% maior do que no primeiro.
Essas operações foram alvo de críticas e denúncias por parte de políticos e autoridades, que alegaram tentativa de interferência no processo eleitoral, especialmente por afetar desproporcionalmente os eleitores do Nordeste, região onde Lula obteve ampla maioria dos votos.
Reações e desdobramentos
O depoimento de Djairlon Henrique Moura reforça as suspeitas de que houve uma tentativa coordenada de interferência no processo eleitoral por parte do governo Bolsonaro. A revelação de que as ordens partiram diretamente do então ministro da Justiça, Anderson Torres, pode agravar a situação dos envolvidos nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.
O STF continua apurando os fatos e pode tomar medidas adicionais com base nas novas informações fornecidas por Djairlon. A sociedade brasileira aguarda respostas e ações concretas para garantir que a democracia e o processo eleitoral sejam respeitados e protegidos.
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