Bolsonaristas exploram Fux para isolar Moraes, mas ignoram revelações de Mauro Cid
Aliados de Bolsonaro viralizam fala de Luiz Fux tentando criar divisão no STF, mas silêncio sobre acusações diretas de Cid agrava posição do ex-presidente

Aliados de Jair Bolsonaro divulgaram, logo após as sessões de instrução da trama golpista no STF em 9 de junho de 2025, um trecho em que o ministro Luiz Fux pergunta ao delator Mauro Cid se Bolsonaro chegou a assinar uma minuta golpista. A resposta negativa foi usada como munição política pela base bolsonarista, que tenta colocá-lo como contraponto ao comando de Alexandre de Moraes na condução do processo.
A articulação política surgiu com força por meio de filhos do ex-presidente e parlamentares aliados, que passaram a viralizar a fala de Fux sugerindo uma suposta convivência institucional — como se revelasse uma cisão entre os ministros. Mas, na própria sessão, Moraes respondeu publicamente à presença de Fux com cortesia, reforçando coesão entre os dois. O STF assistiu a um momento de respeito mútuo e alinhamento institucional, colocando fim à narrativa de divisão interna .
O silêncio permanece sobre revelações muito mais graves feitas por Mauro Cid nesse mesmo interrogatório. O delator afirmou que Bolsonaro chegou a editar uma minuta golpista, removendo punições a autoridades do Legislativo e Judiciário, mas mantendo a prisão apenas de Alexandre de Moraes — um recorte nefasto, que revela comando deliberado no formato da ruptura democrática.
Enquanto o debate muda de foco, a acusação central — de que Bolsonaro tentou orquestrar uma trama para manter-se no poder — se fortalece. A edição direta de um decreto que autorizaria prisão de ministros do STF reforça a noção de que houve planejamento e execução intencional.
Por que isso importa
- Tentativa de narrativa: desviar a atenção real das provas com a difusão seletiva de fala sobre assinatura do projeto.
- Foco institucional robusto: Moraes e Fux atuaram em sintonia, enfraquecendo o recurso que tenta criar cisão no STF.
- Relevância central da delação: a existência da minuta alterada por Bolsonaro expõe participação ativa em plano golpista, informação crucial ignorada pela base que busca salvar sua imagem.
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