Pedido de adiamento dos depoimentos de Bolsonaro no STF: entenda o atropelo
Defesa de Bolsonaro tenta freio burocrático no STF para adiar depoimentos sobre trama golpista.

Em primeiro lugar, é fundamental destacar o cerne do debate: a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro protocolou, em 23 de maio de 2025, um pedido de adiamento dos depoimentos no Supremo Tribunal Federal — alegando falta de tempo para analisar o volume de provas enviado pela Polícia Federal.
O que diz a defesa
A defesa, encabeçada pelos advogados Celso Sanchez Vilardi, Daniel Bettamio Tesser e Paulo da Cunha Bueno, afirma que teve acesso tardio aos 40 terabytes de dados reunidos pela PF — disponibilizados só em 14 de maio, cinco dias antes do início das oitivas em 19 de maio. Eles alegam que, sem senhas, links funcionais e organização adequada entre “milhares de arquivos” espalhados em 96 pastas, seria praticamente impossível exercer o contraditório — “não se trata de mera burocracia, mas de uma realidade prática que impede a defesa de exercer plenamente o contraditório.”
Além disso, conforme cálculo apresentado à Corte, mesmo com conexão de 500 Mbps, levaria cerca de 178 horas — mais de uma semana — apenas para baixar os arquivos compactados. Ou seja, uma corrida contra o tempo, e com prejuízo evidente ao direito de defesa. “A mensagem recortada precisa ser contextualizada”, reforçam os advogados.
Oposição do relator Alexandre de Moraes
Por outro lado, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, vem rejeitando as manobras protelatórias — sustentando que o material já foi incluído na denúncia da Procuradoria‑Geral da República (PGR) e que não altera o escopo acusatório. Moraes entende que as tentativas de Bolsonaro de postergar a oitiva representam uma estratégia para protelar o andamento do processo, e que ainda assim o cronograma deve ser mantido. Até o momento, a instrução no STF tem prazo até 2 de junho — com audiências agendadas entre os dias 19 de maio e início de junho, incluindo depoimentos do comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes e do governador Tarcísio de Freitas, indicados pelo próprio ex-presidente.
Contexto mais amplo
Em março de 2025, Bolsonaro foi oficialmente transformado em réu no STF — acusado, ao lado de sete aliados, de crimes que incluem organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado. A acusação da PGR sustenta que ele teria participação no plano “Punhal Verde Amarelo” — esboçando um golpe, com planejamento até para assassinato de lideranças, incluindo o presidente Lula, Alckmin e o ministro Moraes.
E não é a primeira manobra da defesa: este é o segundo pedido de adiamento dentro de semanas — o primeiro havia sido protocolado em 13 de maio, seguindo a mesma argumentação sobre insuficiência de acesso às provas.
Por que isso importa
Acresce que esse tipo de manobra — protelar, atrasar — representa risco real ao calendário estabelecido pelo STF e ameaça diluir prazos constitucionais, como o direito ao contraditório e ampla defesa. Se aceita, a “novela do adiamento” seria mais uma vitória da burocracia sobre a justiça.
Conclusão
Por outro lado, o STF, sob o comando de Moraes, avança na convicção de que não se pode afrouxar o calendário estabelecido. A trama golpista, portanto, enfrenta mais um capítulo de tentativas de distorção processual — enquanto os prazos seguem firmes até 2 de junho. A hora é de vigília, para que a justiça — e não a protelação — triunfe.
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