Bolsonaro leu e alterou “minuta do golpe”, revela delator ao STF
Mauro Cid afirma que Bolsonaro recebeu, editou e até "enxugou" o texto que previa prisões de autoridades e decretava ruptura institucional

O relato de Cid ao STF
Durante interrogatório, o tenente‑coronel Mauro Cid afirmou que Jair Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto golpista, leu seu conteúdo e realizou alterações — “enxugou o documento” — removendo previsões de prisão contra ministros do STF, do Senado e da Câmara, mas manteve referências à detenção do ministro Alexandre de Moraes e a convocação de novas eleições.
Cid detalhou que o texto original previa medidas drásticas, como prisão de autoridades contrárias e intervenção federal. Bolsonaro alterou o plano para suavizar essas propostas, ainda revelando a presença da “minuta” em reunião no Palácio da Alvorada com membros das Forças Armadas.
Conteúdo e contexto do texto
A minuta, elaborada por assessores com apoio jurídico, previu:
- Prisão de ministros do STF, como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e também do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
- Estado de defesa ou intervenção no TSE
- Novas eleições em caso de fraude eleitoral
Após edição de Bolsonaro, manteve-se apenas a denúncia contra Moraes e o chamado urgente por nova votação, removendo prisões de outros poderes.
Protagonistas e desdobramentos
- A minuta foi apresentada a comandantes militares, com relatos de que apenas o almirante Almir Garnier concordou em apoiar o plano.
- Bolsonaro admitiu ter “enxugado” o texto, omitindo prisões amplas e mantendo apenas os trechos sobre Moraes e eleições.
- O conteúdo da delação de Cid já foi exibido publicamente pelo STF e pela mídia — incluindo vídeo disponibilizado no Diário do Centro do Mundo.
Por que isso importa
- É a primeira declaração presencial de um delator apontando envolvimento direto de Bolsonaro no formato e no conteúdo da minuta golpista.
- A edição promovida pelo ex-presidente indica que ele tinha clara consciência do alcance e impacto do decreto, calibrando as propostas, o que reforça a acusação de tentativa de golpe.
- Representa um ponto crítico na fase judicial: se confirmado, legitima acusações de que Bolsonaro liderou tentativa institucional de ruptura .
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