Vídeo divulgado em depoimento ao STF mostra ex‑presidente reconhecendo que não houve fraude nas eleições de 2022.

Em vídeo recente divulgado pelo Diário do Centro do Mundo, Jair Bolsonaro, em depoimento no STF, reconheceu que não houve fraude nas eleições de 2022. A declaração surpreende à primeira vista, vindo de quem passou anos contestando o sistema eleitoral. Evidência concreta da mudança, mesmo que tardia: ao dizer “não houve fraude”, Bolsonaro enfrentou um conflito direto com sua própria retórica política, coroada por pedidos de auditoria e relatos conspiratórios desde 2018. Este momento marca um divisor de águas — ou talvez uma confissão em ambiente controlado.

O vídeo e o contexto institucional

O vídeo foi exibido em sessão presidida pelo ministro Alexandre de Moraes, dentro do processo que apura a suposta trama golpista de 8 de janeiro. Nele, Bolsonaro admite que não dispunha de provas reais de fraude — uma inversão completa de seu discurso habitual, que durante campanha e pós-eleição foi sustentado por acusações sistemáticas e insistente pressão sobre as Forças Armadas . O canal por trás da exibição, o Diário do Centro do Mundo, destaca que essa foi a primeira vez que o ex-presidente reconheceu publicamente o que o Tribunal Superior Eleitoral já havia comprovado: urnas confiáveis, sem indícios de irregularidade substancial.

Ruptura entre narrativa política e processo legal

Durante os meses que antecederam e seguiram a eleição, Bolsonaro e aliados afirmaram que contavam com “provas” de fraude — incluindo supostos laudos militares e auditorias realizadas por institutos independentes. Essa retórica só começou a ruir quando o Ministério da Defesa e o TSE deixaram claro, por meio de relatórios técnicos e audiências, que não havia base razoável para qualquer anulação ou questionamento dos resultado.

Ao admitir não haver fraude, Bolsonaro dá sequência — ainda que involuntária — a um processo de legalidade que já vinha sendo conduzido há meses pelas instâncias oficiais e até por delações internas, como a do tenente-coronel Mauro Cid, que revelou pressões para construir narrativa de fraude sem respaldo em dados concretos. O fato de sua admissão ter ocorrido dentro do acanhado espaço do STF aponta um constrangimento retórico: é mais fácil reconhecer a ausência de provas dentro do tribunal do que em praça pública.

Impacto sobre o debate público

O vídeo pode deslocar o centro do debate: de plano conspiratório para confirmação do rito técnico institucional. Para progressistas e defensores da democracia, esse movimento de Bolsonaro pode significar o começo do fim de uma narrativa que até hoje polui o ambiente eleitoral — e alimenta protestos, bloqueios e tensão política. Mas o ruído permanece: foi coerente, voluntário? Por que só admitido na instância judicial?

Ainda assim, a repercussão do vídeo aumenta a pressão por responsabilização — tanto por incentivar desconfiança quanto por ameaçar o processo eleitoral. A sociedade deve reagir não com complacência mas com vigilância: reconhecer o erro é um passo, mas acompanhar o destino dessa narrativa é essencial para a cultura democrática.


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1 comentário em “Bolsonaro admite ausência de fraude nas eleições de 2022

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