Bolsonaro distorce inquérito do golpe e tenta se vitimizar
Ex-presidente apela ao discurso de “lawfare” para tentar colar narrativa de perseguição política e equiparar sua atuação golpista à perseguição judicial sofrida por Lula.

A história se repete — mas como farsa. Jair Bolsonaro, agora acuado pelas investigações sobre a tentativa de golpe em 2022, tenta mais uma manobra desesperada: posar de vítima de “lawfare” e se comparar a Lula. Sim, o mesmo Lula que foi condenado sem provas, com base em “convicções”, por um juiz parcial e cúmplice de um projeto político de destruição da esquerda.
Bolsonaro, por outro lado, enfrenta uma avalanche de provas documentais, delações, prints, vídeos e áudios que apontam sua participação ativa na construção de uma tentativa de ruptura institucional. E agora, ao perceber que o STF e a PF estão prestes a enquadrá-lo de forma definitiva, recorre à narrativa de “perseguido político” — a última trincheira de quem sabe que o fim está próximo.
Comparar-se a Lula é distorcer a história — e insultar a verdade
Vamos aos fatos. Lula foi preso após um processo baseado em “atos indeterminados”, sem provas materiais e conduzido por um juiz que se tornaria, mais tarde, ministro da Justiça de seu adversário direto. Já Bolsonaro é alvo de investigações que reúnem depoimentos, operações digitais rastreadas, movimentações financeiras suspeitas, documentos forjados e uma rede coordenada de desinformação.
A tentativa de associar sua situação ao que Lula viveu é, no mínimo, cínica. E revela o esgotamento do repertório bolsonarista, que agora recorre à tática de vitimização que sempre atacou — um bolsonarismo “lulista” de ocasião, sem nenhuma vergonha na cara.
A farsa da “perseguição” como escudo do golpe
Ao acusar o STF de “politização” e o inquérito de “perseguição”, Bolsonaro repete o manual de todo autoritário encurralado: deslegitimar as instituições antes que elas o julguem. E se possível, arrastar seus seguidores para uma nova cruzada paranoica contra o Judiciário.
Só que, desta vez, o Supremo não está dividido. Os votos têm sido firmes, técnicos, e unânimes contra os golpistas. A delação de Mauro Cid revelou que Bolsonaro sabia e autorizava ações ilegais. A mentira já não se sustenta, e o papel de mártir não cola — especialmente quando o suposto perseguido foi o presidente que tentou fraudar o sistema eleitoral e insuflar as Forças Armadas contra a Constituição.