Bolsonaro nega tentativa de golpe, mas admite ter estudado “alternativas” após derrota
Em depoimento no STF, Jair Bolsonaro negou que tenha orquestrado golpe, mas reconheceu ter participado de reuniões para discutir “alternativas dentro da Constituição” após perder em 2022.

Conteúdo do depoimento
- Negação total do golpe: Bolsonaro afirmou categoricamente que nunca existiu conspiração para golpe, destacando que “um golpe seria imprevisível e prejudicial ao país”.
- Participação em discussões internas: O ex-presidente admitiu ter tomado parte em reuniões com assessores e militares, nas quais foram discutidas possibilidades legais como Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou restrições pontuais, porém sem viabilidade política ou apoio concreto.
- Ausência de desdobramentos: Afirmou que tais ideias foram rapidamente descartadas por falta de clima político e de apoio sólido nas Forças Armadas.
- Retratação pública: Pediu desculpas por declarações anteriores, nas quais fez acusações consideradas retóricas contra ministros do STF, atribuindo tais falas a um excesso de retórica política.
- Tono político e provocativo: O interrogatório teve momentos políticos, como quando Bolsonaro convidou o ministro Alexandre de Moraes para compor chapa em 2026 — provocação interpretada como parte de sua estratégia retórica.
Contextualização
- É a primeira vez que o STF julga um ex-presidente acusado de tentativa de golpe, envolvendo cerca de oito réus e baseado na operação da Polícia Federal que apontou esforços para deslegitimar as eleições de 2022.
- O ex-ajudante Mauro Cid afirmou ter visto Bolsonaro editar um esboço de decreto com medidas como prisão de ministros, acusação que o ex-presidente negou totalmente.
- A presença de militares sentados no banco dos réus é inédita no Brasil desde o período da Ditadura Militar.
Significados e efeitos
- Sob o ponto de vista jurídico: O depoimento reflete a linha de defesa esperada — negação e tentativa de retirada de dolo —, mas não altera o peso das provas já apresentadas, que incluem documentos e testemunhos.
- No plano político: O discurso busca engajar a base bolsonarista, reforçando a narrativa de perseguição por parte do “sistema”.
- Para as instituições democráticas: O caso representa um teste à independência do Judiciário diante de tentativas retóricas de enfraquecimento de suas decisões.
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