Recém-saído da UTI, Bolsonaro pressiona aliados por projeto que limita investigações a 4 meses. Juristas alertam: proposta fere princípio da razoável duração do processo.

TEMPO ESGOTADO”: BOLSONARO QUER PRAZOS CURTOS PARA INQUÉRITOS ENQUANTO SEU PRÓPRIO PROCESSO AVANÇA

Em sua primeira mensagem política após deixar a UTI, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mirou um alvo conveniente: o inquérito das fake news, que o investiga por suposta organização golpista. A proposta? Limitar todas as investigações criminais no país a 4 meses – prazo insuficiente, segundo especialistas, para apurar crimes complexos.

A jogada foi revelada pelo colunista Grande Angular, do Metrópoles, e enviada a deputados e senadores aliados. O texto, assinado por Bolsonaro, é direto:

“Srs Deputados/Senadores: Sugestão, caso possível: Que os Inquéritos, caso legal, tenham duração máxima de 4 meses, podendo ser prorrogados por mais 2, desde devidamente justificados. Obrigado, um abraço a todos. Jair Bolsonaro.”

POR QUE ISSO BENEFICIA BOLSONARO?

  • inquérito das fake news, que investiga o ex-presidente por tentativa de golpe em 2022, completa 6 anos em 2025 – muito além do prazo sugerido.
  • Se a regra valesse hoje, o caso já teria sido arquivado por prescrição – mesmo com novas provas surgindo, como os vazamentos do celular de Mauro Cid.
  • Bolsonaro e aliados são réus no STF e na PGR, com processos que dependem de diligências complexas (como quebras de sigilo internacional).

O QUE DIZ A LEI ATUAL?

Código de Processo Penal (CPP) já prevê prazos, mas são flexíveis:

  • 30 dias para indiciados soltos (prorrogáveis indefinidamente com aval judicial).
  • 10 dias para presos em flagrante – mas a Lei de Drogas, por exemplo, permite 90 dias para casos complexos.

Constituição garante o princípio da razoável duração do processo (Art. 5º, LXXVIII), mas o STF já decidiu que isso não significa prazos engessados. Em 2022, o ministro Rogério Schietti destacou:

“Aceitar a eternização da investigação é ignorar os males […] mas prazos rígidos podem inviabilizar a apuração de crimes complexos”.

REAÇÕES: “TÁTICA DE SOBREVIVÊNCIA”

  • Juristas: A proposta é inviável para casos como lavagem de dinheiro ou crimes organizados, que exigem anos de apuração.
  • Oposição: Chamou a ideia de “autoanistia disfarçada”, já que beneficiaria investigados por corrupção e golpismo.
  • Aliados: Defendem a medida como “fim da perseguição política”, citando o inquérito das fake news como exemplo de “excesso”.

CONTEXTO: BOLSONARO SOB PRESSÃO JUDICIAL

  • O ex-presidente enfrenta 11 inquéritos no STF, incluindo ataques à democracia e fraude em vacinas.
  • Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes liberou acesso total às provas da PF para sua defesa – sinal de que o processo avança.
  • saúde frágil (com internações recorrentes) tem sido usada por sua equipe para postergar depoimentos.

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