Baptista Júnior declara ao STF que Bolsonaro foi informado de que não houve fraude nas eleições de 2022 — e tentou retardar a divulgação do relatório da Defesa.

Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal nesta quarta-feira (21 de maio de 2025), o brigadeiro da reserva Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, confirmou o óbvio para quem sempre defendeu as urnas eletrônicas — mas chocou os golpistas: Bolsonaro sabia que as urnas eram seguras. O presidente, informado pelo Ministério da Defesa, tentou adiar a divulgação de um relatório que comprovava a lisura das eleições de 2022 — claramente visando ganhar tempo político e alimentar a farsa da fraude.


Bolsonaro informado e resistente à verdade

1. Conhecimento consolidado

  • Segundo o depoimento, Bolsonaro foi informado pelo ministro da Defesa sobre a integridade das urnas. O relatório foi entregue em 9 de novembro de 2022, e o então presidente tentou postergar sua divulgação, como revelou Baptista Júnior: “ouvi que sim [pressionou pelo adiamento], certamente outras testemunhas poderão dar isso com mais precisão”.

2. Relatório contraria narrativa

  • O documento do Ministério da Defesa, enviado ao TSE em 9 de novembro de 2022, atestou que o sistema de votação não apresentava indícios de fraude — postura corroborada por outros generais, inclusive o ex-comandante do Exército Freire Gomes.

Contexto das tentativas de manipulação

Monopólio de mentiras

  • Na mesma época em que era informado sobre a segurança das urnas, Bolsonaro persistia em mentir nas redes sociais: afirmou que “hacker invadiu as urnas”, narrativa que sequer tinha base técnica.
  • Embora o relatório militar contradissese suas falas públicas, Bolsonaro tentava usar o suspense para manter a torcida da base em clima de dúvida permanente.

Pressão institucional

  • O executivo tentou postergar o relatório oficial, tentando ganhar tempo político e manter viva a narrativa da fraude — mesmo ciente da ausência de problemas hidráulicos ou técnicos.

Implicações políticas e judiciais

  • O depoimento reforça a estratégia articulada de Bolsonaro para deslegitimar o processo eleitoral, mesmo tendo ciência de sua lisura. Isso fortalece as acusações de tentativa de golpe e de manipulação do estado.
  • A pressão para segurar um relatório técnico, divulgado pela Defesa e rejeitado por generais, expõe a articulação política destinada a alimentar o caos institucional.

Por que isso importa

Em primeiro lugar, está claro que a narrativa de fraude foi gestada mesmo diante da evidência contrária. Bolsonaro tentou proteger sua versão, tentando renegociar a divulgação de um documento que desmentia suas insinuações.

Por outro lado, o depoimento de Baptista Júnior revela o papel fundamental das Forças Armadas na defesa da verdade técnica, mesmo diante de pressões políticas — o que ajuda a conter o avanço autoritário.

Acresce que esse capítulo expõe uma lógica clássica da desinformação: mentir mesmo sabendo a verdade, para alimentar dúvidas, afetar a confiança pública e adiar consequências. Foi uma tentativa de “cortar a raiz para que o fruto da verdade não brotasse”.


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1 comentário em “Ex-comandante da FAB denuncia: Bolsonaro quis adiar relatório que garantia lisura das urnas

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