Ex-comandante da FAB confirma brainstorming golpista: Bolsonaro cogitou prender Alexandre de Moraes
Brigadeiro Baptista Júnior revela ao STF que prisão de Moraes foi discutida em reuniões com Bolsonaro e altos militares. Golpe foi pauta — não discurso vazio.

Em um depoimento carregado de tensão, o brigadeiro da reserva Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da FAB, confirmou ao STF que Jair Bolsonaro chegou a cogitar a prisão do ministro Alexandre de Moraes durante um “brainstorm” com os chefes das Forças Armadas logo após a derrota eleitoral de 2022. A ideia não foi meramente retórica — era parte de um esboço concreto para obstruir a posse de Lula e manter Bolsonaro no poder. E, amanhã, o STF soltaria o habeas corpus de Moraes… então, a proposta foi: prender toda a Corte? Brasil 247O GLOBO
Uma tempestade de ideias golpistas
Brainstorming ou conspiração?
- Segundo o depoimento de Baptista Júnior, as reuniões ocorreram em cinco datas entre 2 e 24 de novembro de 2022, com participação de Bolsonaro, o ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, e os comandantes das Forças Armadas.
- Foi nesse ambiente que “a possibilidade de prender o ministro Alexandre de Moraes” foi aventada, com a reflexão: “amanhã o STF vai dar o habeas corpus… e nós vamos fazer o quê? prender os outros?”.
- O único general a se opor de fato foi Freire Gomes, comandante do Exército, ao lado de Baptista Júnior. A Marinha, por sua vez, posicionou-se passiva e discretamente favorável.
Contexto técnico-político da “prisão”
Monopólio do caos?
- Inicialmente, o objetivo das Forças Armadas no Palácio da Alvorada seria atuar via GLO (Garantia da Lei e da Ordem), diante da ameaça de acampamentos bolsonaristas e greves de caminhoneiros. Mas, a partir de 11 de novembro, ficou claro que a pauta era outra — impedir a posse de Lula.
- A prisão de Alexandre de Moraes não era um ato isolado. Era parte de um plano mais amplo, que incluía avaliar a decretação de estado de sítio ou Defesa, com a eventual dissolução do Supremo.
- Já se sabia da tensão entre Bolsonaro e Moraes, com o antigo chefe do STF comandando o TSE no caso das urnas. Mas agora veio a confirmação: não foi paranoia — foi discussão militar.
A repercussão no STF
- No depoimento, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, questionou o brigadeiro se houve menção a prender outras autoridades — à resposta foi objetiva: “Sim, senhor, do ministro Alexandre de Moraes”.
- A sessão chocou muitos no tribunal: não é teoria conspirativa, mas relato de plotagem real.
Resistência dentro das Forças
- Enquanto Bolsonaro e alguns generais defendiam o estrangulamento institucional, Freire Gomes e Baptista Júnior exercitaram freios democráticos. O general do Exército disse a Bolsonaro que se fosse para ruptura institucional, “teria de prendê-lo”.
- A posição firme desses militares impediu a consumação de um golpe, conforme queda de apoio interno nas Forças Armadas.
Reflexão crítica
Em primeiro lugar, este depoimento derruba de uma vez por todas a narrativa de que as ideias golpistas — como a prisão de Moraes — teriam sido exageradas ou “frases soltas”. Era um plano em estudo, articulado num ambiente militar e presidencial.
Por outro lado, o levantamento de resistência interna — com generais se opondo à proposta — mostra que o Estado brasileiro ainda contou com freios institucionais.
Acresce que esse capítulo demonstra a relevância do STF como guardião da Constituição, capaz de frear avanços autoritários. Em linguagem coloquial, se fosse um filme, estaríamos vendo “a tentativa de entregar a casa à construtora e derrubar a árvore por conta de um galho podre”. Mas o galho ainda não foi cortado.
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