Comandante da Marinha nega ordens para impedir posse de Lula ou plano golpista
Almirante Olsen afirma ao STF que nunca recebeu diretrizes para mobilizar tropas contra a transferência de poder

Durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira (23 de maio de 2025), o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, negou ter recebido ordens para mobilizar tropas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva ou participar de qualquer plano golpista.
O depoimento no STF
Olsen foi chamado como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, acusado de conspirar pela manutenção de Jair Bolsonaro no poder em 2022. Questionado sobre possíveis determinações de Garnier para uso das Forças Armadas, o almirante foi categórico: “Não recebi qualquer determinação nesse sentido”.
Cerimônia sem precedentes
O comandante também comentou a ausência de Almir Garnier na cerimônia de transição em 31 de dezembro de 2022, destacando que isso foi “inédito” e possivelmente motivado por “foro íntimo”, sem relação com atos institucionais.
Contexto amplo do depoimento
O depoimento integra a ação penal baseada na Operação Contragolpe, que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, conduzida pela PGR e sob o comando do ministro Alexandre de Moraes. Relatos de outros militares, como o general Júlio César de Arruda, também negaram envolvimento em propostas de golpe.
Repercussões judiciais e institucionais
- STF mantém depoimentos importantes: Alexandre de Moraes negou pedido de Olsen para dispensar sua oitiva, ressaltando seu valor na elucidação dos fatos.
- União da narrativa militar: Tanto a Marinha quanto o Exército negam participação em planos golpistas, reforçando a tese institucional de ausência de mobilização ilegal.
Perspectiva crítica
O depoimento de Olsen confirma ausência de comando institucional para ações antidemocráticas, mas não encerra o debate. A construção de uma narrativa clara depende da integração de diversos elementos:
- Ausência de ordens: Olsen ratifica que não recebeu determinações para agir politicamente,
- Paralelos no Exército: Depoimentos de Arruda e outros oficiais reforçam uma defesa conjunta da apolítica das Forças Armadas,
- Opacidade institucional: A ausência de registros oficiais entre a transição dos cargos militares exige atenção sobre a atuação de Garnier nesse período.
O STF precisa cruzar esses elementos — depoimentos, comunicações institucionais e documentos oficiais — para definir se houve omissão ou cumplicidade por parte de comandantes nomeados no período de transição.
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