Funcionária revela detalhes do esquema do “Careca do INSS” contra aposentados
Ex-funcionária de call center expõe como empresa de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, operava para conter denúncias de descontos indevidos em benefícios previdenciários.
SAC da fraude: como o esquema do “Careca do INSS” manipulava aposentados
Uma ex-funcionária de um call center vinculado ao esquema liderado por Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, revelou detalhes sobre o funcionamento interno da operação que lesou milhões de aposentados. Segundo ela, os atendentes eram instruídos a seguir roteiros padronizados para minimizar as reclamações de descontos indevidos nos benefícios previdenciários.
A funcionária relatou que, ao receberem ligações de beneficiários questionando descontos não autorizados, os operadores afirmavam que as filiações haviam sido realizadas por meio de links enviados por WhatsApp, chamadas telefônicas ou durante o processo de aposentadoria, mesmo sem comprovação. Essa estratégia visava desmotivar os aposentados a buscar ressarcimento ou denunciar as irregularidades.
Empresas de fachada e repasses milionários
O esquema envolvia a criação de empresas de fachada que recebiam repasses de entidades associativas, como a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (AMBEC). Essas empresas, por sua vez, transferiam os valores para contas controladas por Antunes e seus associados. A Polícia Federal identificou que, entre abril e julho de 2024, o patrimônio imobilizado de Antunes saltou para R$ 14,3 milhões, valor incompatível com sua renda declarada.
Além disso, a investigação apontou que Antunes mantinha uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, utilizada para ocultar parte dos recursos desviados. A PF também descobriu que ele era sócio de 22 empresas, muitas delas compartilhando o mesmo endereço e telefone, características típicas de empresas de fachada.
Implicações políticas e administrativas
O escândalo teve repercussões significativas no âmbito político e administrativo. O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo após a deflagração da Operação Sem Desconto. A investigação também revelou que Antunes doou R$ 1 para a campanha de Jair Bolsonaro em 2022, conforme registro no Tribunal Superior Eleitoral.
A Controladoria-Geral da União estimou que cerca de 9 milhões de beneficiários foram lesados pelo esquema, com um prejuízo total de R$ 6,3 bilhões. Em resposta, o governo federal anunciou medidas para ressarcir os aposentados afetados e reforçar os mecanismos de controle no INSS.
Conclusão: a necessidade de vigilância e transparência
O caso do “Careca do INSS” evidencia a vulnerabilidade dos sistemas previdenciários a fraudes complexas e bem articuladas. A exposição do esquema por uma ex-funcionária destaca a importância de canais de denúncia eficazes e da proteção a whistleblowers. É fundamental que as instituições públicas adotem medidas preventivas e corretivas para garantir a integridade dos benefícios previdenciários e a confiança da população no sistema.
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