Interrogatório no STF expõe estratégia de Bolsonaro para reescrever narrativa da derrota em 2022
Durante seu depoimento no STF, Bolsonaro buscou redirecionar o foco, atacando adversários e reapresentando dúvidas sobre o sistema eleitoral, na tentativa de reformular a narrativa da derrota em 2022.

No depoimento realizado nesta terça-feira (10), na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro adotou diversos recursos retóricos para desconstruir sua derrota nas eleições de 2022 — reclamou de vaia na posse de Lula, mencionou supostos vídeos de críticos das urnas e atacou adversários políticos, incluindo o ministro Alexandre de Moraes e a ex-presidente Dilma Rousseff.
Principais estratégias observadas
- Distorção da transição presidencial: Bolsonaro justificou sua ausência na posse de Lula, dizendo que evitou “a maior humilhação da história”, numa tentativa de retratar-se como vítima do momento.
- Uso de recursos midiáticos: apresentou anotações com roteiro para exibir vídeos com críticas ao sistema eleitoral feitas por ex-governadores e políticos de esquerda — todavia, teve o pedido barrado por Moraes por não estarem nos autos.
- Ataques aos adversários: responsabilizou o STF, incluindo Dilma e Moraes, pelo que chamou de campanha midiática contra sua base, buscando construir uma narrativa de perseguição.
- Persistência da retórica anti-urnas: reforçou, mais uma vez, o discurso em prol do voto impresso, dizendo que “foi por causa dele” que surgiram suspeitas de fraude — repetindo teses já apresentadas anteriormente.
Contexto do inquérito
Esse interrogatório faz parte do que o STF definiu como inquérito do “núcleo crucial” — composto por oito réus (incluindo Bolsonaro, militares e assessores) — investigados por tentativa de golpe após as eleições de 2022.
A estratégia da defesa consiste em exibir críticas ao sistema eleitoral por autoridades e posicionar Bolsonaro como um líder que apenas expressou preocupações legítimas, não praticou golpe. Entretanto, o tom agressivo e os ataques contínuos aos oponentes contrastam com sua negação de qualquer tentativa de minar a ordem democrática .
Salientando o contexto
Elemento | Descrição |
---|---|
Momento-chave | Primeiro interrogatório de Bolsonaro no STF, parte de investigação aberta em 26 de março de 2025 |
Roteiro da defesa | Utilização de vídeos críticos ao voto electrónico, apesar de contestada pela Corte |
Estratégia geral | Repetir discurso sobre fraude eleitoral, se colocar como vítima e reforçar ideia de perseguição às forças de direita |
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