Ex-presidente reconhece que sistema do INSS "pode ter sido fraudado", mas omite o desmonte institucional promovido por seu próprio governo.

A bomba jogada com naturalidade

Em mais uma de suas lives transmitidas diretamente do “cercadinho”, Jair Bolsonaro resolveu soltar uma frase aparentemente inofensiva, mas de implicações gravíssimas:

“Pode ser que o sistema do INSS tenha sido fraudado, sim.”
A frase, dita com a frieza de quem comenta o tempo, abre um novo capítulo na história do desmonte do serviço público brasileiro — justamente promovido por quem agora se diz surpreso com as consequências.


Fraudes no INSS no governo Bolsonaro: resultado ou pretexto?

A declaração não veio do nada. Ao longo de sua gestão, o governo Bolsonaro cortou recursos do INSS, empurrou servidores ao adoecimento e ao esgotamento e engavetou propostas estruturantes. O objetivo era claro: sufocar o órgão até justificar sua terceirização. Em 2021, o TCU alertava para os riscos crescentes de fraudes. A resposta de Bolsonaro? Nomeações políticas, sucateamento da Dataprev e interferências ideológicas.

Agora, ao reconhecer que o sistema “pode ter sido fraudado”, Bolsonaro parece tentar uma manobra clássica: admitir o problema, mas não a responsabilidade.


“Não sei de nada” — o novo álibi de sempre

Bolsonaro tenta vestir a fantasia de vítima de um “sistema viciado”. Mas o fato é que foi ele quem controlou esse sistema durante quatro anos, com plenos poderes e amparo do centrão. Quando milhares de brasileiros ficaram sem receber o auxílio emergencial por falhas nos cadastros, o governo ignorou. Quando denúncias sobre contratos suspeitos surgiram, houve silêncio.

Agora, insinua que bilhões possam ter sido desviados. Se foram, quem deixou as portas abertas foi ele.


Preparação para o que está por vir?

A suspeita que paira é a de que essa “confissão” seja, na verdade, uma cortina de fumaça preventiva. Investigações sobre fraudes em contratos ligados ao INSS têm avançado. É possível que Bolsonaro esteja tentando se adiantar a denúncias, criando a narrativa de que ele próprio também foi enganado. Só que ninguém se engana com o caos que ele mesmo ajudou a plantar.

Essa é a tática do incendiário que, diante da fumaça, diz: “talvez alguém tenha riscado um fósforo”. Mas quem carregava o maçarico era ele.


O projeto sempre foi desmontar para privatizar

Não foi incompetência — foi método. O desmonte do INSS, assim como da saúde, educação e cultura, faz parte de um projeto neoliberal de esvaziamento do Estado. Quando o serviço público não funciona, a iniciativa privada entra pela porta da frente com contratos superfaturados, promessas de eficiência e tarifas altíssimas.

O que Bolsonaro fez com o INSS foi deliberado: transformar uma autarquia estratégica num terreno fértil para a precarização e a corrupção.


Conclusão: A farsa por trás da confissão

As fraudes no INSS no governo Bolsonaro, se confirmadas, não podem ser tratadas como algo alheio à sua gestão. Elas são parte de uma engrenagem montada com objetivos bem claros. Cada fila gigantesca, cada benefício negado, cada sistema desprotegido… tudo isso construiu o cenário perfeito para o caos — que agora ele próprio reconhece.

Mas reconhecer não é suficiente. É preciso responsabilizar. E que não se permita mais uma vez que o discurso da ignorância sirva de escudo para quem sempre soube o que estava fazendo.


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1 comentário em “Bolsonaro admite fraudes no INSS durante sua gestão: confissão ou cortina de fumaça?

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