Ex-chefe da FAB confirma que Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro em reunião sobre golpe
No STF, Baptista Júnior diz que general do Exército avisou Bolsonaro: “Se você tentar, terá que lhe prender”

No Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-comandante da Força Aérea Brasileira, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, confirmou nesta quarta-feira (21/05/2025) que o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, ameaçou prender Jair Bolsonaro se ele avançasse com medidas golpistas após a eleição de 2022. A fala foi direta: “Se fizer isso, vou ter que te prender” — dita com “muita tranquilidade e calma”.
“Se fizer isso, vou ter que te prender”
- Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) e confirmado ao STF, Baptista Júnior relatou que Freire Gomes foi taxativo em uma reunião no Palácio da Alvorada, após o segundo turno das eleições: “Se o senhor tentar isso, terei que prendê-lo”.
- Embora Freire Gomes tenha negado a expressão “voz de prisão” em audiência previa ao STF, Baptista Júnior manteve a versão, afirmando que o recado jurídico estava claro — e firme.
Contexto da reunião e tensão militar
- O encontro fez parte de uma série de reuniões realizadas entre 1 e 24 de novembro de 2022 — momentos cruciais em que se discutiu GLO, estado de sítio e estado de defesa como formas de barrar a posse de Lula.
- Segundo Baptista Júnior, Freire Gomes se posicionou como guardião constitucional, recusando ruptura institucional caso Bolsonaro seguisse adiante com o plano golpista.
Quem falou e quem hesitou
Personagem | Atitude adotada |
---|---|
Freire Gomes (Exército) | Fez o aviso de prisão se Bolsonaro agisse fora da Constituição |
Baptista Júnior (FAB) | Reafirmou no STF o que já havia dito à PF e se colocou contra o golpe |
Almirante Garnier (Marinha) | Segundo Baptista, colocou tropas à disposição de Bolsonaro — sem emitir posicionamento claro contra o plano |
Implicações institucionais
Em primeiro lugar, a menção ao risco real de prisão — não um ameaça retórica — mostra que havia dissidência clara entre os comandantes sobre o golpe, com o Exército se posicionando como freio ao avanço autoritário.
Por outro lado, o silêncio da Marinha evidencia a falta de consenso entre os três poderes militares e reforça a complexidade dentro das Forças Armadas durante o pós-eleição.
Acresce que esse episódio revela uma tensão latente: a arma pode ser usada para proteger ou ameaçar a democracia — e, no caso em tela, foi usada como instrumento de contenção institucional.
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