Malafaia e a cartada evangélica: como Michelle Bolsonaro virou peça-chave no tabuleiro eleitoral de 2026
Ela reúne os votos dos bolsonaristas, direita, mulheres e evangélicos" — como a ex-primeira-dama se tornou o trunfo do bolsonarismo pós-inelegibilidade

Introdução
“O senhor esqueceu do candidato mais bem avaliado depois de Bolsonaro: Michelle!” A frase do pastor Silas Malafaia no X (antigo Twitter) nesta segunda-feira (12/5) não foi apenas uma resposta ao ex-presidente Michel Temer — foi a declaração de guerra do bolsonarismo contra qualquer projeto de terceira via que exclua a família Bolsonaro. Em meio à articulação de Temer com cinco governadores (Zema, Ratinho Jr, Caiado, Tarcísio e Leite) para unificar a direita, Malafaia crava: a ex-primeira-dama lidera as pesquisas com 38% das intenções de voto contra Lula e é a única capaz de aglutinar os três pilares do conservadorismo brasileiro: evangélicos, mulheres e a base bolsonarista.
Os números da disputa
Dados da Quaest (abril/2025) mostram o cenário:
- Michelle: 38% contra 44% de Lula
- Tarcísio: 37% (mas prioriza reeleição em SP)
- Outros nomes: Entre 30% (Caiado) e 35% (Marçal)
O diferencial? Enquanto os governadores dependem de máquinas estaduais, Michelle mobiliza o que Malafaia chama de “capital afetivo”:
- 52% das mulheres conservadoras a veem como “representante moral”
- 68% dos evangélicos bolsonaristas a associam a “valores cristãos”
- 81% dos aliados de Jair Bolsonaro a consideram “sucessora natural”
A estratégia oculta
Por trás do discurso de união, há um cálculo preciso:
- Jair Bolsonaro mantém controle: Ao não indicar sucessor, preserva poder de barganha — já sugeriu que comandaria a Casa Civil se Michelle fosse eleita
- Tarcísio na reserva: Governador de SP é pressionado a ficar na reeleição como “plano B” para 2030
- Terceira via esvaziada: Malafaia e Wajngarten atacam Temer por “palhaçada” ao excluir a família Bolsonaro
Os riscos do projeto
A aposta em Michelle não é consenso nem no bolsonarismo:
- Conflitos familiares: Relação conturbada com Carlos Bolsonaro (que controla o gabinete do pai)
- Falta de experiência: Nunca ocupou cargo eletivo ou de gestão
- Dependência de Malafaia: Pastor já orienta seus discursos para “reduzir tom religioso” e ampliar apelo
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