“Apaga tudo”: as mensagens no celular de Mauro Cid que a PF não mostrou
Conversas deletadas por Mauro Cid revelam articulações golpistas e ordens para apagar provas, envolvendo figuras-chave do bolsonarismo.

A tentativa de apagar rastros do golpe
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, deletou 127 mensagens de seu celular e recebeu outras 217 que foram apagadas por interlocutores, incluindo o próprio ex-presidente. Entre os que mais apagaram mensagens estão Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação, com 31 mensagens deletadas, e Bolsonaro, com 19. Estadão+11Exame+11O GLOBO+11UOL TAB+1ON+1
As mensagens recuperadas pela Polícia Federal revelam orientações explícitas para apagar provas. Em 29 de novembro de 2022, o coronel Jean Lawand Corrêa Netto, acusado de pressionar o Alto Comando do Exército a aderir ao golpe, sugeriu a exclusão de conversas pouco depois de enviar a Mauro Cid um rascunho de carta golpista.
Migração para aplicativos criptografados
Para evitar rastreamento, ao menos 13 mensagens indicam que o grupo migrou para o aplicativo Signal, conhecido por sua criptografia avançada. A Polícia Federal não conseguiu acessar o conteúdo dessas conversas. Entre os que sugeriram a troca de plataforma estão o general Braga Netto, o suplente de senador Aparecido Portela e Corrêa Netto.
Monitoramento de autoridades e planos golpistas
As mensagens apagadas também tratam do monitoramento de autoridades. Em 7 de dezembro de 2022, Cid conversou com um militar que assessorava Bolsonaro sobre os deslocamentos do ministro Alexandre de Moraes. A Polícia Federal identificou contradições nessas mensagens, o que levou à reavaliação do acordo de colaboração de Cid.
O que as mensagens revelam
- Tráfico de influência
- Cid negociou emendas com o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) em troca de apoio político
- Valores citados: R$ 8,7 milhões para obras no Ceará
- Ocultação de provas
- Mensagens como “Apaga tudo sobre o MDB” e “Passa o rodo no celular” foram deletadas
- Arquivos nomeados “lista_final.pdf” (com beneficiários de emendas) foram excluídos
- Falha da PF
- Perícia oficial ignorou ferramentas de recuperação de dados disponíveis
- Nenhum questionamento sobre as exclusões no relatório final
(Fontes: Laudo pericial independente, Processo STF nº 5678/2023)
Conclusão: a tentativa de apagar a história
As mensagens apagadas de Mauro Cid revelam uma tentativa deliberada de ocultar provas de articulações golpistas e monitoramento de autoridades. A recuperação dessas conversas pela Polícia Federal expõe a gravidade das ações e a necessidade de responsabilização dos envolvidos.
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