Moraes recusa pedido e obriga delator Mauro Cid a acompanhar interrogatórios da trama golpista
Relator no STF afirma que presença de Cid é essencial para garantir o contraditório e ampla defesa de todos os réus, inclusive Bolsonaro

Durante a sessão de 9 de junho, Mauro Cid — primeiro réu ouvido na ação penal que investiga a tentativa de golpe liderada por Jair Bolsonaro — solicitou ao STF ser dispensado de acompanhar os interrogatórios dos demais acusados. A defesa argumentou que o delator já havia prestado todos os esclarecimentos necessários e que sua presença não era mais útil.
Em decisão proferida ainda na noite da segunda-feira, o relator ministro Alexandre de Moraes indeferiu o pleito. Ele justificou que a presença de Cid é uma medida “indispensável” para assegurar o direito ao contraditório e à ampla defesa dos demais réus, inclusive Bolsonaro.
Moraes enfatizou que, mesmo que Cid já tenha falado, cabe ao tribunal não apenas proteger o direito de fala do réu, mas também garantir que os demais acusados possam confrontar ou se posicionar frente às afirmações do colaborador durante seus próprios interrogatórios:
“Será o réu quem escolherá o direito de falar no momento adequado ou o direito ao silêncio parcial ou total; mas não é o réu que decidirá como será tomado seu depoimento…”.
Cid, presente na sessão, cumprimentou Jair Bolsonaro, prestou continência a generais como Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, e manteve-se no plenário enquanto seus colegas prestam depoimentos. A fase de oitivas prosseguir pelo menos até 13 de junho, com interrogatórios de Garnier, Torres, Heleno, Bolsonaro, Paulo Sérgio e Braga Netto.
Por que isso importa
A decisão de Moraes fortalece a transparência do processo, oferecendo a cada réu a possibilidade de confrontar publicamente as alegações do delator em tempo real. A presença contínua de Cid reforça a robustez institucional do julgamento, sobretudo considerando os depoimentos que podem envolver os réus ainda não ouvidos.
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