Presidente da Câmara vetou urgência ao projeto de anistia do PL, apontando risco de inconstitucionalidade e pressão do STF.

O freio foi puxado.

Na noite desta terça-feira (20 de maio de 2025), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, tomou uma decisão que atinge o coração do projeto de anistia do PL destinado aos acusados e condenados pelos atentados de 8 de janeiro: ele rejeitou o requerimento de urgência e considerou o texto potencialmente inconstitucional, caso fosse avaliado pelo STF.

Essa proposta — encabeçada pelo PL de Bolsonaro e costurada para excluir líderes e financiadores do rol dos beneficiados — chegou à Câmara com status de emergência. Mas Motta barrou: não pautou a urgência, travou o andamento e exigiu revisões. Como ele próprio explicou, a redação “poderia ser julgada inconstitucional pelos ministros do Supremo Tribunal Federal”.


O que estava em jogo?

  • Projeto do PL: contemplava anistia apenas para participantes dos atos de 8 de janeiro, mas excluía líderes, financiadores e o próprio Bolsonaro, numa tentativa de salvar réus selecionados e, ao mesmo tempo, dar aparência de legalidade.
  • O funcionamento do recesso institucional: o requerimento de urgência permitiria que a proposta fosse votada diretamente no plenário — mas com Motta travando a pauta, isso ficou suspenso.

A denúncia de inconstitucionalidade no cerne da disputa

Motta não foi leviano ao barrar o PL. Ele alertou que a matéria “poderia ser considerada inconstitucional pelo STF”, ecoando o temor de que ministros rejeitariam o perdão coletivo por violar princípios do direito penal e do devido processo legal.

Mais ainda: ao travar a agenda, ressaltou que a pauta econômica e institucional deve vir primeiro, e que o Congresso não pode se desviar da Constituição só para beneficiar aliados.


Reação do centrão e do PL

Apesar da recusa de Motta, o PL não recuou. Segundo o líder Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), “Querem um rascunho que agrade o STF — isso não vamos fazer”. Já lideranças do centrão, como Luizinho (PP-RJ), defendem que se construa um pré-relatório equilibrado, que seja aceito também no Senado e evite nova reprovação pelo STF.


Por que isso é decisivo para o Brasil

  1. Ruptura democrática em jogo
    A anistia aos atos de 8 de janeiro não é apenas uma lei penal — é um ato simbólico de impunidade política que visaria enterrar as consequências dos atos golpistas e normalizar a insurreição.
  2. O STF está na retaguarda
    A ameaça de inconstitucionalidade enviada por Motta é um recado: o Supremo não engolirá permissividade com crimes contra a democracia. A saída para o tema está sendo estudada em diálogo com o Judiciário — não pela via expressa do PL golpista.
  3. Sinal de equilíbrio institucional
    Ao priorizar o equilíbrio entre agenda econômica e respeito à Constituição, Motta reforça que não há espaço para subordinar decisões do Congresso ao autoritarismo. A institucionalidade venceu, por ora.

Perguntas retóricas para refletir

  • Até que ponto o Congresso se curvará a pressões partidárias em nome da governabilidade?
  • É admissível criar uma lei que beneficia apenas alguns golpistas selecionados — e cuja legitimidade é contestada pelo Supremo?
  • Podemos avançar com pacificação nacional sem primeiro honrar a justiça e punir os responsáveis pelos ataques às instituições?

Chamada à Ação

É hora de exigir um debate sério, transparente e constitucional. A anistia deve ser discutida com os olhos nos fatos, não na conveniência política. Se não houver esforço por responsabilização, a verdade sobre o golpe ficará soterrada — e a democracia continuará em risco.


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