Mourão nega participação em reuniões sobre estado de exceção
Senador afirma ao STF que não esteve em qualquer encontro para discutir medidas como estado de sítio e só soube depois por investigações da PF

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou nesta sexta-feira (23 de maio de 2025), em depoimento ao STF, que nunca participou — nem sequer recebeu convite — para reuniões que discutissem um eventual estado de exceção, estado de sítio ou golpe de Estado. Ele declarou que só tomou conhecimento dessas reuniões por meio de investigações da Polícia Federal.
Depoimento ao STF
Questionado sobre minutas ou planejamentos relativos a medidas autoritárias em encontros com Jair Bolsonaro e comandantes das Forças Armadas após a eleição de 2022, Mourão foi enfático: “Não fui convocado para nenhuma reunião, assim como não tomei conhecimento de que alguma dessas reuniões estivessem ocorrendo”.
Ele reforçou que qualquer menção a planos de intervenção — especialmente a supostas propostas de estado de exceção — são apenas fruto das investigações, e ressaltou jamais ter participado de esquemas desse tipo.
O contexto das investigações
Mourão depôs como testemunha de defesa de autoridades como o general Augusto Heleno, no âmbito do processo que investiga a tentativa de golpe de Estado de 2022. O ex-vice-presidente havia já sido consultado sobre mensagens atribuídas a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que mencionavam um “alerta” sobre crise semelhante ao que ocorreu no Peru — mensagem que Mourão classificou como “fake news”.
Reações e panorama dos depoimentos
- Outros militares: Ex-comandantes das Forças também prestaram depoimentos — como Marcos Olsen (Marinha) e Júlio César de Arruda (Exército) — negando participação em tentativas de golpe ou instruções para impedir a posse de Lula.
- Processo no STF: Os depoimentos fazem parte do inquérito que apura se houve conluio entre membros das Forças Armadas e o ex-presidente Jair Bolsonaro para impedir a transição democrática.
Perspectiva crítica
Apesar das negativas repetidas, a investigação revela um ambiente de alta tensão institucional nas semanas após as eleições de 2022. A declaração de Mourão contrasta com relatos de reuniões entre Bolsonaro e a cúpula militar — que, segundo o senador, ocorreram sem sua participação. A divergência entre presença e conteúdo desses encontros coloca em evidência a necessidade de transparência: haveria discussões em que alguns oficiais estavam fora do círculo, ou os planos nunca avançaram para discussões formais?
O STF enfrenta o desafio de mapear não apenas quem participou desses encontros, mas também os temas tratados — sejam conversas protocolares ou esboços de ação autoritária. A coerência dos depoimentos em série será essencial para construir a cronologia das reuniões e avaliar se há intenção institucional de ruptura democrática.
1 comentário em “Mourão nega participação em reuniões sobre estado de exceção”