MP cobra TCU por expulsão de militares golpistas das Forças Armadas
Subprocurador Lucas Furtado exige medidas para afastar 22 militares réus por tentativa de golpe de Estado

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) protocolou uma representação exigindo o acompanhamento rigoroso de todas as medidas administrativas voltadas à expulsão de militares golpistas das Forças Armadas. A iniciativa, capitaneada pelo subprocurador-geral Lucas Furtado, é um duro recado às estruturas de poder que ainda protegem agentes fardados envolvidos na tentativa de golpe de Estado.
Militares pagos para destruir a democracia
Dos 31 réus processados no Supremo Tribunal Federal (STF) por participação no complô golpista liderado por Jair Bolsonaro, 22 são militares ativos ou da reserva, ainda remunerados com recursos públicos. A acusação é inequívoca: eles tramaram o fim do Estado Democrático de Direito, a instalação de uma ditadura militar sob comando de Jair Bolsonaro e chegaram a planejar o assassinato de Luiz Inácio Lula da Silva e de seu vice, Geraldo Alckmin.
STM admite expulsões — mas se omite em ação concreta
A ofensiva do Ministério Público cita ainda as declarações públicas da ministra Maria Elizabeth Rocha, presidente do Superior Tribunal Militar (STM). Em entrevista recente, a ministra afirmou ser “provável” que os militares envolvidos na conspiração sejam expulsos, mesmo que escapem da condenação penal. A fala, embora simbólica, ainda carece de efeitos práticos. Nenhum dos réus perdeu a patente até o momento — uma omissão que compromete a credibilidade das próprias Forças Armadas.
A conivência militar com o bolsonarismo
A tentativa de golpe articulada em Brasília, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, foi operacionalizada com a anuência — e, em muitos casos, o protagonismo — de setores das Forças Armadas, principalmente do Exército Brasileiro. A promessa de “intervenção” ecoada em frente aos quartéis era, de fato, um plano meticulosamente desenhado por oficiais e generais bolsonaristas, como já demonstrado por investigações do STF, da Polícia Federal e da CPMI do 8 de janeiro.
Dinheiro público bancando o golpismo
Segundo a representação do MP, o gasto com os salários e benefícios desses militares réus representa “valiosos recursos públicos” sendo destinados à manutenção de figuras que atentaram contra a ordem democrática. Trata-se de uma inversão moral: o contribuinte brasileiro é forçado a pagar pelo silêncio cúmplice de uma estrutura que não pune seus próprios traidores.
Desmilitarizar para reconstruir a República
A exigência do MP ao TCU abre caminho para o que deveria ser uma agenda nacional urgente: a desbolsonarização das Forças Armadas. A depuração dos quadros contaminados pelo golpismo é condição mínima para a retomada da confiança pública nas instituições militares. Sem expurgos, não há democracia que resista.
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