Petrobras anuncia perfuração de oito poços na Margem Equatorial
A estatal confirma chegada da sonda NS-42 em junho e avança após aprovação parcial do Ibama, mas desafios ambientais e econômica persistem

A Petrobras confirmou nesta sexta-feira, 23 de maio de 2025, a intenção de perfurar oito poços na Bacia da Foz do Amazonas, região conhecida como Margem Equatorial. A empresa espera que a sonda NS-42 chegue à costa do Amapá até o fim de junho, após aprovação parcial do Ibama em seu plano de resposta a emergências ambientais .
Situação do licenciamento ambiental
O Ibama já liberou a realização de testes e vistorias simulando resgates de animais e resposta a vazamentos – uma etapa chamada Avaliação Pré-Operacional (APO). Essa aprovação foi considerada a fase final antes da emissão da licença definitiva.
Segundo a estatal, após a conclusão da APO — prevista para julho —, será possível iniciar a perfuração dos poços, possivelmente ainda no mesmo mês.
Dados técnicos e projeções
- Inicialmente, a Petrobras perfurará o poço FZA‑M‑59, denominado “Morpho”, seguido de outros sete.
- O projeto está previsto no Plano Estratégico 2025‑2029, que prevê perfurar até 15 poços na Margem Equatorial, com investimentos de cerca de US$ 3 bilhões (38% do total para essa região).
- A região é apontada como promissora por apresentar reservas similares às descobertas na Guiana, com potencial de até 5,6 bilhões de barris em alguns blocos.
Desafios e críticas ambientais
Apesar do avanço, ambientalistas alertam para os riscos representados pelo empreendimento em uma zona sensível:
- Proximidade a áreas protegidas: a exploração ocorre a cerca de 160 km da costa, 500 km da foz do Amazonas, com forte presença de fauna marinha e ecossistemas frágeis.
- Infraestrutura de contenção: Petrobras enviará sonda e 13 barcos de contenção — número superior ao da Bacia de Santos —, mas organizações apontam que qualquer falha pode gerar vazamentos catastróficos.
- Dependência do aval final do Ibama: a autorização hoje é parcial; a licença definitiva depende de comprovação prática da capacidade de resposta.
Perspectiva crítica
A decisão da Petrobras reflete urgência econômica: repor reservas e manter relevância no mercado global, com potencial para sustentar a balança comercial e gerar receita tributária — pagos cerca de R$ 270 bilhões em impostos em 2024.
No entanto, a pressa em avançar pode subestimar os danos potenciais: a história mostra que acidentes em águas profundas — mesmo raros — têm impacto duradouro. Projetos desse porte exigem não só testes pré-operacionais, mas acompanhamento transparente e vigilância contínua.
Ademais, apesar do discurso de “impacto zero”, o risco não desaparece: o verdadeiro teste será a operação no ambiente real, considerando correntes marítimas da Amazônia que podem dispersar contaminantes para zonas distantes.
Conclusão
A execução de oito poços na Margem Equatorial simboliza um avanço estratégico para recuperar reservas e aliviar a dependência do pré-sal. Mas o sucesso dependerá do equilíbrio entre objetivos econômicos e a robustez do licenciamento ambiental. O episódio terá impacto decisivo para o legado ambiental e energético do governo e definirá os rumos da exploração de petróleo nas fronteiras do Brasil.
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