STF enfrenta pressão internacional e retoma julgamento sobre redes socias
Em meio a ameaças de sanções dos EUA, Supremo decide avançar na responsabilização das plataformas digitais

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para a próxima quarta-feira (4) a retomada do julgamento que discute a responsabilização das redes sociais por conteúdos publicados por terceiros. A decisão ocorre em meio a uma escalada de tensões diplomáticas, após o governo dos Estados Unidos anunciar possíveis sanções a autoridades estrangeiras acusadas de “censurar americanos”, em uma clara referência ao ministro Alexandre de Moraes.
Pressão internacional e reação do STF
Na última quarta-feira (28), o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou uma nova política de restrição de vistos para autoridades estrangeiras consideradas cúmplices na censura de cidadãos americanos. Embora não tenha citado nomes, a medida foi interpretada como um recado direto a Moraes, que tem sido alvo de críticas por suas decisões envolvendo plataformas digitais.
Em resposta, o STF decidiu acelerar o julgamento sobre a responsabilização das redes sociais, que estava paralisado desde dezembro após um pedido de vista. Ministros da Corte avaliam que a análise do caso ganhou nova urgência diante das ameaças de sanções por parte do governo americano.
O cerne do julgamento
O julgamento discute se as plataformas digitais devem ser responsabilizadas por conteúdos ilegais publicados por seus usuários, mesmo sem ordem judicial prévia. Atualmente, o Marco Civil da Internet estabelece que as redes sociais só podem ser responsabilizadas caso não removam o conteúdo após decisão judicial. No entanto, ministros do STF têm sinalizado que podem ampliar esse entendimento, defendendo que as empresas ajam preventivamente contra violações legais em suas plataformas.
Big techs e influência política
Representantes das chamadas “big techs” interpretam a movimentação do STF como uma resposta direta às ameaças do governo dos Estados Unidos. Ministros da Corte atribuem a ofensiva norte-americana à atuação de gigantes da tecnologia e ao bilionário Elon Musk, proprietário da rede X (antigo Twitter). Eles apontam o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como “instrumento” das big techs na pressão internacional contra o STF, em articulação com o governo Trump e congressistas republicanos.
Conclusão:
A retomada do julgamento pelo STF sobre a responsabilização das redes sociais ocorre em um momento de tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos. A decisão da Corte de avançar na análise do caso, mesmo diante das ameaças de sanções, demonstra a disposição do Judiciário brasileiro em afirmar sua soberania e enfrentar pressões externas. O desfecho do julgamento poderá definir novos parâmetros para a atuação das plataformas digitais no país e influenciar o debate global sobre liberdade de expressão e regulação das redes sociais.