STF torna militares réus por plano golpista; Forças entram em alerta contra politização
Primeira Turma do STF aceita denúncia contra dez militares por tentativa de golpe e comando militar espera conter politização das tropas.

Nesta quarta-feira (21 de maio de 2025), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) transformou dez militares em réus por sua participação em um plano golpista concebido durante o governo Bolsonaro — um marco que acende alerta nas Forças Armadas sobre os riscos da politização das tropas, e reforça o papel disciplinador da Justiça.
STF confirma núcleo militar do golpe
- De forma unânime, a Primeira Turma aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornou réus oficiais acusados de integrarem o “núcleo 3” do plano para impedir a posse do presidente eleito em 2022, entre eles um tenente-coronel acusado de liderar ações de campo .
- A Corte considerou que há indícios concretos de que esses oficiais monitoraram autoridades públicas e planejaram ações para sustentar uma ruptura institucional.
Reação das Forças Armadas: “efeito pedagógico”
Disciplina em xeque
- O alto comando militar classificou a decisão como um “efeito pedagógico”, aludindo ao caráter formativo e dissuasor da medida.
- Oficiais ouvidos pela jornalista Natuza Nery, do g1, alertam que a politização no governo Bolsonaro afetou hierarquia e disciplina, “comprometendo seriamente” as tropas.
- Nos bastidores, cresce a percepção de que é urgente conter a contaminação ideológica dentro dos quartéis.
Comando busca despolitizar tropas
- Desde 2021, já havia sinais dessa tensão — quando o presidente demitiu o então ministro da Defesa e três comandantes renunciaram em protesto contra interferência política.
- Agora, o episódio reforça a necessidade de blindar as Forças contra partidos e narrativas políticas — enquanto o Exército trabalha para dissociar sua imagem do “núcleo golpista”.
Implicações do caso
Em primeiro lugar, a decisão do STF reforça a mensagem: militar que investe em golpe não está acima da lei.
Por outro lado, a reação interna das Forças Armadas revela uma fissura entre a obediência institucional e a adesão ideológica — fissura essa que precisa ser enfrentada com firmeza para evitar novas crises.
Acresce que a decisão do STF pode funcionar como um divisor de águas: ou as lideranças reforçam os valores constitucionais em cada formação militar, ou o risco de uma nova politização institucional permanecerá como estratégico — e perigoso — elemento de influência sobre o poder.
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