Anderson Torres admite que Ministério da Justiça não tinha provas de fraude nas urnas
Ex-ministro da Justiça afirmou no STF que a pasta não contava com setor técnico para identificar fraudes e que, mesmo diante de questionamentos de Bolsonaro, não havia suporte técnico para sustentar acusações

O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, reconheceu à Primeira Turma do STF que a pasta não dispunha de elementos técnicos para qualquer acusação de fraude nas urnas. Sem setor específico para análise do sistema de votação — essa responsabilidade era da Polícia Federal —, Torres admitiu que sempre repassou a Bolsonaro a informação clara: não havia provas técnicas de irregularidades .
O ex-ministro relatou que, quando solicitado pelo presidente em lives e reuniões, se limitava a sugerir melhorias no sistema, com base em relatórios técnicos da PF. “Não temos nada que aponte fraude nas urnas eletrônicas”, afirmou.
Durante o depoimento, Torres também minimizou a ideia de que teria participado da edição da “minuta do golpe”, mencionada em outras fases da instrução. Disse nunca ter discutido esse documento com Bolsonaro, e que o recebimento do material em seu gabinete foi “uma fatalidade”, que não deu seguimento.
O interrogatório faz parte da fase de instrução da ação penal que investiga o “núcleo crucial” da trama golpista. Joaquim Cid, Ramagem e Garnier já prestaram depoimento. Após Torres, ainda serão ouvidos Heleno, Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto.
Por que isso é importante
- O reconhecimento público da ausência de provas técnicas fragiliza a base da narrativa de fraude, sustentada por Bolsonaro e aliados.
- O depoimento reforça uma distinção entre a atuação institucional — papel técnico que deveria ter sido exercido — e a criação de narrativas política antecipatórias.
- A fragilidade probatória já reconhecida internamente favorece a acusação da PGR, contribuindo para a consolidação do caráter político-institucional do processo.
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