Quando o lawfare vira arma de guerra: a condenação que expõe o manual golpista do bolsonarismo

Introdução
Aos que ainda duvidavam do projeto sistemático de desmonte institucional gestado no bolsonarismo, a condenação de Carla Zambelli pelo STF nesta sexta-feira (9/5) escancara o modus operandi: da perseguição armada a jornalistas à sabotagem digital de órgãos de Estado, uma escalada autoritária que agora encontra seu freio na Justiça 15. Com 4 votos a favor (Moraes, Dino, Zanin e Cármen Lúcia), a Primeira Turma impôs à deputada 10 anos de prisão e perda de mandato por comandar a invasão que inseriu documentos falsos no CNJ — incluindo um mandado de prisão contra o próprio relator do caso 47.

O crime que revela o projeto
Não se trata de um mero delito digital. A operação coordenada por Zambelli e executada pelo hacker Walter Delgatti (condenado a 8 anos e 3 meses) tinha um DNA reconhecível:

  • Premeditação: 13 invasões entre agosto/2022 e janeiro/2023, com inserção de 16 documentos falsos 7
  • Alvo estratégico: Sistemas do CNJ e Banco Nacional de Mandados de Prisões, coração do Judiciário 9
  • Objetivo político: Criar um falso mandado contra Moraes — então presidente do TSE — às vésperas do 8/1/2023, data que não por acaso coincide com os ataques às sedes dos Três Poderes 411

Como destacou Moraes no voto, “a atuação vil da deputada causou danos duradouros à credibilidade das instituições” 6. Prova irrefutável? O celular de Zambelli continha os documentos falsos baixados 22 segundos após sua criação por Delgatti 12.

A defesa que desmoraliza a própria defesa
Enquanto a PGR apresentou 1.200 páginas de provas técnicas 4, a estratégia da defesa se limitou a:

  1. Negar o óbvio (“sem provas irrefutáveis”) 2
  2. Atacar o processo (“cerceamento de defesa”) 11
  3. Vitimizar a ré (“perseguição política”) 12

Ironia cruel: quem invadiu sistemas judiciais agora clama por “devido processo legal”. Quem falsificou documentos exige “provas irrefutáveis”. O mesmo script usado por Janones e Daniel Silveira — e que o STF parece cansado de tolerar 57.

O preço da democracia
Além da pena privativa de liberdade, a condenação impõe:

  • Perda do mandato: A ser executada após trânsito em julgado 1
  • Reparação financeira: R$ 2 milhões em danos morais coletivos 6
  • Inelegibilidade: 8 anos fora das urnas 11

Não é pouco para quem transformou o mandato em plataforma de ataques às instituições. Mas será suficiente para frear a escalada golpista que agora migrou das ruas para o mundo digital?


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3 comentários sobre “Zambelli e o golpe digital: STF impõe pena histórica por sabotagem ao CNJ

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